Convulsões
As convulsões são as manifestações clínicas de atividade elétrica transitória e descontrolada entre as células cerebrais. Elas causam mudanças no comportamento, na consciência, na atividade motora, na percepção sensorial e/ou nas funções autonômicas. Todo tecido nervoso tem um limiar de excitabilidade. Quando esse limiar cai abaixo de um nível crítico, ocorre a despolarização neuronal espontânea. Se um número suficiente de neurônios estiver envolvido, isso causará uma onda de despolarização em uma área inteira (convulsões parciais) ou em todo o sistema nervoso (convulsões generalizadas).
As convulsões são sempre um sinal de disfunção cerebral anormal, que pode ser primária (intracraniana) ou secundária (extracraniana). Os testes podem ser úteis nas etiologias extracranianas, que são as causas descritas nesta ficha técnica.
A epilepsia envolve convulsões primárias e recorrentes. Distúrbios metabólicos também podem causar convulsões.
Sintomas
Em animais pequenos, a maioria das convulsões se manifesta como convulsões tônico-clônicas generalizadas. No caso de convulsões parciais, apenas uma parte do corpo é envolvida e o animal manifestará comportamento anormal (agressividade, alucinações, etc.).
As convulsões podem ser divididas em três fases: a fase pré-ictal ou aura, quando o animal pode exibir comportamento estranho (hipersalivação, lambedura, se esconder), a fase ictal ou a própria convulsão, e a fase pós-ictal ou de recuperação, quando o animal pode estar cansado e desorientado. A fase pós-ictal geralmente não ocorre em convulsões não epilépticas.
Os donos frequentemente só percebem a convulsão quando o animal está na fase pós-ictal (ou seja, não observam a convulsão propriamente dita). Portanto, é importante realizar uma história clínica abrangente para confirmar se o animal realmente teve uma convulsão. A história deve incluir o pedigree, vacinas, viagens, contato com outros animais, estresse, fase de cio se fêmea, trauma, acesso ao exterior (toxinas), histórico clínico anterior, medicamentos anteriores, forma de início das convulsões, períodos interictais, aura, convulsão e pós-convulsão, e descrição de qualquer anormalidade (dia, hora, duração e características). Um exame neurológico completo deve ser realizado após a fase pós-ictal, pois os resultados desse exame durante e imediatamente após as convulsões podem ser enganosos. Os achados do exame e a descrição dos sintomas indicarão quais testes são necessários.
O exame neurológico deve avaliar o estado mental do animal, marcha, postura em pé, nervos cranianos (pupilas, respostas vestibulares, reflexos de ameaça), reações posturais (propriocepção, pular, etc.), reflexos espinhais e percepção de dor.
Origem extracraniana
- Tóxico:
Venenos e/ou produtos químicos como estricnina, etileno glicol, metaldeído, organoclorados, chumbo. - Metabólico:
- Hipoglicemia: Sintomas após exercício. O animal pode oscilar entre estados de hiperexcitabilidade e irritabilidade e letargia e depressão, e também pode apresentar espasmos musculares (faciais) e desmaios.
- Hipocalcemia: Fêmeas lactantes. Associado com nervosismo, tetania, espasmos musculares (face e orelhas) em cães, e letargia, anorexia, respiração forçada e esfregar a face em gatos.
- Hiperlipidemia: Devido ao aumento de lipoproteínas e/ou triglicerídeos.
- Hiper viscosidade: Mieloma múltiplo – Congestão das membranas mucosas (aparência roxa) e vasos retinais, epistaxe, tendência a sangramentos e sintomas inespecíficos do SNC, sintomas musculoesqueléticos como claudicação, fraturas, dor nas articulações, etc.
- Diabetes – Cetoacidose diabética, hiperosmolaridade.
- Distúrbios eletrolíticos – Hipercalcemia (disfunção gastrointestinal e renal, arritmia, além de fraqueza, hiporreflexia e depressão); Hiponatremia (edema cerebral); Hipernatremia (desidratação celular). Tanto o excesso quanto a deficiência de sódio causam fraqueza e depressão.
- Hipotireoidismo - Em gatos com mais de 5 anos.
- Deficiência de tiamina – Em gatos, dependendo da dieta.
- Processos degenerativos – Teseuroses metabólicas afetando animais jovens.
- Encefalopatia hepática – Dada sua importância e complexidade, é descrita em uma folha de informações separada juntamente com encefalopatia urêmica.
- Doenças inflamatórias/infecciosas:
Cinomose, FIP, toxoplasmose, leucemia e imunodeficiência felina. - Epilepsia:
- Adquirida. O cérebro está permanentemente lesionado devido a fatores internos ou externos.
- Idiopática. Muito mais frequente em cães do que em gatos. Sem sintomas específicos.
Interpretação de testes laboratoriais
- Exame de sangue normal, bioquímica e análise de urina:
Patologia intracraniana – Epilepsia (idiopática ou adquirida), vasculopatia, malformação congênita, trauma.
Processo extracraniano – Toxinas; deficiência de tiamina; hipertermia e hipóxia. - Exame de sangue anormal, bioquímica e análise de urina:
Indica uma patologia extracraniana.
Os exames irão identificar diferentes anomalias dependendo da etiologia da doença.
Bibliografia
- CAUZINILLE, L. (1998) Pratique Médicale et Chirurgicale de l’Animal de Compagnie., vol 33, 85-88.
- DELGADO, P.T. (1998) Pequeños Animales Año III, nº 12, (5-14).
- ETTINGER, S.J. (1995) Textbook of Veterinary Internal Medicine (4th) W.B.Saunders. 152-156. JAGGY, A. (1998) Journal of Small Animal Practice. vol. 39, 23-29.
- KLINE. K.L. (1998) Clinical Techniques in Small Animal Practice. Vol 13, nº 3, August. pg. 152–158. KNOWLES, K. (1998) Clinical Techniques in Small Animal Practice. Vol 13, nº 3, August. pg.144-151.
- NELSON, R.W (1995) Pilares de Medicina Interna en Animales Pequeños (Intermédica). 584, 705-715.
- O’BRIEN, D. (1998) Clinical Techniques in Small Animal Practice. Vol 13, nº 3, August. pg. 159-166.
- OLIVER, J.E. (1997) Handbook of Veterinary Neurology (3rd.) W.B.Saunders. 313-325
- PARENT, J.M.L. (1994) Seizures in cats. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice. Vol 26, nº 4. pg 811-825.
- PODELL,M. (1994) Seizures in dogs. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice Vol 26, nº 4. pg 779-805.
- SHELL, L.G. (1998) Veterinary Medicine June. 541 – 552.
- SODIKOFF, C.H. (1996) Pruebas diagnósticas y de laboratorio en las enfermedades de los pequeños animales (Mosby) 134-135,154,156-159.
- TENNANT, B. (1994) Small Animal Formulary (BSAVA). 44, 119-121,124, 131, 132, 165.
- THOMAS. W.B. (1998) Clinical Techniques in Small Animal Practice. Vol 13, nº 3, August. pg. 167-178.
- WHEELER, S.J. (1989) Manual of Small Animal Neurology (BSAVA). 52, 119-124
Ficha clínica
Convulsões
Análises recomendados
Para o manuseio das amostras, consulte o catálogo Uranolab®.
- Hemograma completo
- Proteinograma
- Bioquímica sanguínea: AMI, BIT, COL, CRE, ALP, GLU, GOT, ALT, PT, TRI, URE, CAL, P, Na e K.
- Exame de urina: Bioquímica e Sedimento
Os testes serão realizados com base na etiologia suspeita.
- Suspeita de envenenamento: Entre em contato com o Laboratório.
- Suspeita de doença infecciosa (Cinomose, FIP, Toxoplasmose, Ehrliquiose, etc.): Realizar titulação sorológica ou detecção do agente etiológico.
Você pode solicitar os análises necessários à Uranolab® através do nosso site, basta registrar sua clínica conosco.
Descobrir maisOutras fichas clínicas
Os animais de estimação são a nossa paixão e o nosso trabalho é ouvir você para poder oferecer produtos e serviços inovadores e contribuir para melhorar a qualidade de vida dos pets.
VER TODOS